Depois de tantos altos e baixos nos custos do petróleo, as alternativas para a substituição desse combustível se tornaram uma obsessão em todo o mundo. Inúmeros projetos foram desenvolvidos e alguns prosperaram com sucesso como os carros híbridos da Honda e de pequenas fábricas inglesas e americanas. Seus modelos estavam voltados para a composição de energias provenientes da eletricidade, etanol e hidrogênio. Agora, duas tecnologias de origem francesa e israelense avançam com incrível velocidade e sagacidade. Ambas estão bem próximas de serem lançadas oficialmente ao mundo e marcar a indústria automobilística para sempre.
Shai Agassi e sua proposta inovadora
Shai Agassi (foto), Intel, Renault, Nissan, Honda, Mitsubishi e Subaru são partes de um time do mais alto quilate que aposta na eletricidade para movimentar o mundo. Como se estivessem trocando pilhas de um brinquedo, a idéia deles é vender e comprar baterias de alto desempenho próprias para automóveis que eles mesmos estão fabricando, em postos de abastecimento de energia parecidos com os postos de combustíveis que conhecemos hoje. O custo será menos da metade do que custa a gasolina e quem está por trás de tudo isso, na busca de um mundo mais ecológico e econômico, é um engenheiro de Israel. Agassi é um visionário que, exatamente como muitos outros, por várias vezes tentou emplacar o seu projeto que viabiliza a energia elétrica como combustível, nos sempre cobiçados endereços de Detroit, cidade que abriga as gigantes americanas GM, Chrysler e Ford, viciadas em conceitos ultrapassados e que desprezaram por muito tempo a inovação e a economia - tão importantes para a própria existência. O título de "inovadores" foi para o outro lado mundo onde, os orientais deram mais que uma lição de mercado nos americanos, marcaram a sua presença econômica nos anais da história mundial e hoje, quatro entre os sete maiores bancos do mundo são de lá.
Operação
Shai Agassi é o fundador da primeira rede de postos de abastecimento de energia elétrica, que leva o nome de Better Place (Lugar Melhor), e será instalada em testes no estado americano do Havaí, na Austrália, no Japão e na Dinamarca, exatamente como já ocorre em Israel. O que ele fará é muito simples: abastecerá carros elétricos com baterias e não com carregamento de energia. Ou seja, o cliente chega no posto, troca a bateria do carro e sai andando, tendo pago menos da metade do valor que pagaria se abastecesse o veículo com gasolina. As baterias são carregadas com elétrons de fontes de energias renováveis, tais como a eólica e a solar. A montadora francesa Renault e a japonesa Nissan, ao contrário dos americanos, rapidamente colaram na concepção de Agassi e garantiram veículos em escalada suficiente para o consumo já em 2011, justamente quando todo o sistema israelense deverá entrar em operação. Os que acreditam no projeto compartilham de um mesmo sentimento de mudança na estrutura energética mundial. Não é só um conceito em prol do meio-ambiente, a questão é também econômica e os sabidos da indústria automobilística americana ainda não conseguiram enxergar essa configuração. Apenas contabilizam os prejuízos que os seus carros beberrões estão construindo ao longo dos anos. No Brasil, somos platéia, como é de praxe. Porém, a título de auto-análise, empresas de porte e com muitos anos de vida se comportam de modo empírico e alheio às mudanças na administração de seus negócios. O detalhe que não deve ser esquecido é que até nos EUA a maré mudou e o negócio agora é uma tocada mais dentro da linha de Obama, como já deixou bastante claro o próprio eleitor americano.
Transformando chips em baterias
Na balada da tecnologia, a Intel - a maior fabricante de chips processadores do mundo - já está concentrada para produzir as baterias dos automóveis que deverão ficar cada vez menores e com um volume bem maior de energia. A empresa priorizou a concentração de potência e fez multiplicar em inúmeras vezes a capacidade de processamento dos chips. Quem comanda o projeto é nada mais, nada menos, que o ex-presidente aposentado da Intel e conselheiro da companhia, Andrew Grove. O calibre desse sujeito demonstra o nível de interesse da empresa em suprir uma provável demanda, ainda imensurável, pelo consumo desse tipo de energia. Esse comportamento demonstra, também, que os mercados estão sempre disponíveis à inteligência de companhias que, se bem preparadas, poderão enxergar novos campos de atuação para manter ou até mesmo fazer crescer o próprio negócio. O perigo de não suportar mudanças de grande impacto impostas naturalmente pelo mercado, mora na acomodação, exatamente o que fizeram as grandes montadoras americanas. No frigir dos ovos, elas estão com os dias contados, a não ser que apareça do nada um santo com sobrenome bastante forte do tipo “Jobs” para criar novos caminhos ou algum aventureiro que coloque algumas dezenas de bilhões de dólares em seus bolsos em prol, apenas, da sobrevivência por um tempo não mensurável.
Tata Motors comanda o show dos carros movidos a ar
A Tata Motors, uma companhia indiana de veículos que controla a Land Rover, a Jaguar e uma penca de outras empresas igualmente importantes, anuncia ao mundo as suas pretensões mais audaciosas para 2009: a venda do carro movido a ar quente comprimido. O projeto desenvolvido por um ex-engenheiro de fórmula 1 é revolucionário e estava na gaveta há mais de 15 anos. Por inúmeras fábricas de carros Guy Nègre, o chefe da equipe que desenvolveu o projeto, passou sem sucesso algum. Entre elas, como de praxe, as gigantes de Detroit - Chevrolet, Crysler e Ford, que hoje estão passando um aperto financeiro inédito e que devem estar lá com os seus botões pensando porque não tiveram a mesma visão dos indianos.
Histórico inovador
O comportamento da Tata Motors demonstra uma admirável e arrebatadora versatilidade. Simultaneamente aplica recursos em marcas voltadas para um mercado caro como é o caso da Land Rover, esportivo clássico como é a Jaguar, em veículos voltados para a construção civil, outros para transportes coletivos urbanos e veículos leves e econômicos de baixíssimo custo num espectro de atuação bastante amplo. Há pouco tempo, a Tata se apresentou ao mundo comprando ações de grandes companhias, mostrado que tinha peito, energia e criatividade para enfrentar e até mesmo controlar grandes companhias mundiais. Trouxe ao mundo de modo triunfal, o pequeno, mas muito simpático e econômico, NanoTata. Um veículo de design arrojado que oferece tudo que os consumidores estão acostumados a usufruir em carros de passeio comuns, mas que vem com um predicado bastante relevante: o preço, estimado em apenas US$ 4.500,00. Esse lançamento já havia deixado toda a indústria automobilística de cabelo em pé, mas o impacto que o carro movido a ar deverá causar às grandes do planeta promete ser maior do que a crise financeira que já está derrubando uma a uma.
Desempenho
O pequeno airado pode alcançar 110km/h, e com apenas R$ 4,00 é possível rodar 200 km. Para abastecer só será necessário se dirigir a um posto de gasolina comum que tenha a bomba injetora de ar quente comprimido, que aciona os pistões do motor, e voltar para a estrada, simples assim. Em tempo de proteção à natureza, o carro pode ser considerado a última palavra em termos de tecnologia de transporte, pois seu índice de poluição é praticamente zero. Não é de hoje que os indianos surpreendem e o lançamento do carro movido a ar tem o conceito de economia em tudo. O modelo é pequeno por fora e grande por dentro, seguindo a tendência mundial de produção cujo norte é oferecer carros com o conceito urbano onde prioritário é ser pequeno, confortável, econômico e com bom desempenho. A Tata não deixou por menos e trouxe ao mundo a versão cargo também, onde o veículo tem uma configuração para servir a logística das pequenas empresas, outra tendência comercial mundial. Para ver o pequeno notável em ação, navegue até o site da BBC Brasil e faça a busca por “carro movido a ar”. No link existente na página você poderá descobrir o quanto os indianos foram perspicazes. O preço que se paga por não bancar o próprio desenvolvimento, em muitos casos, é bastante alto. No mundo, relâmpagos de inovações sempre nos alertam que é preciso mudar a maneira de pensar e de que é preciso investir no criativo, descortinando as fronteiras do desconhecido. Agassi e Nègre são exemplos de idéias brilhantes, não muito diferentes das dos gênios espalhados por todo o Brasil, que ainda falam com as paredes quando pleiteiam algum tipo de colaboração financeira à iniciativa privada ou ao poder público. Os criadores dos veículos movidos a pilha e a ar, mesmo com tanta clareza nas suas concepções, não encontraram no passado respaldo nos grandes líderes do segmento. Por sorte deles e do resto do mundo, do outro lado do planeta apareceram empresas que vislumbraram os seus conceitos e liberaram recursos para que pudessem avançar.