sexta-feira, setembro 22, 2006
Egofobia - capa da edição nº 13
EGOFOBIA
Por medo de nós mesmos, podemos estar deixando de lado as coisas realmente importantes de nossas vidas: autopesquisa, autoconhecimento, auto-aceitação e auto-entendimento
Ego quer dizer a sua parte mais íntima e verdadeira. Fobia quer dizer medo. Alguns pensadores dizem que a autopesquisa é o que realmente deveríamos estar fazendo enquanto vivemos. Mas, como já dizia John Lennon, a vida é aquilo que passa enquanto estamos preocupados com outros projetos. E o que pode estar provocando esse desvio seria o medo do auto-enfrentamento. O que nos faz lembrar do quanto somos complexos, são as atitudes que não têm o aval de nosso raciocínio lógico para acontecer. É quando o nosso lado animalesco, emocional e impulsivo fala mais alto do que a mente. O medo de estudar e de entender isso é que, provavelmente, nos afasta de uma autoavaliação mais detalhada. Descobrir quem somos na verdade pode ser decepcionante. E quem sabe, talvez por isso, estejamos privados das informações mais cobiçadas da história humana: de onde viemos e para onde vamos.
O que os cientistas cartesianos sabem sobre o ego?
Pouco. Durante muito tempo a pesquisa humana não separou a consciência do corpo que ela opera. Somente agora, em 2005, cientistas do calibre de Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, um dos papas da biologia moderna, começam a considerar o corpo humano como uma máquina isolada da mente. Antes disso, qualquer cientista aventureiro que quisesse fazer uma pesquisa mais profunda sobre o que temos dentro da nossa misteriosa cabeçinha, surgia com novidades impossíveis de serem provadas segundo as normas que regem o mundo científico hoje, e logo seria classificado como mais um místico querendo nortear as profundezas da consciência. De fato, não é difícil entender que o corpo humano pode ser encarado como uma máquina. Se pensarmos bem, nossas máquinas são bem parecidas e o que difere os resultados de uma pessoa para a outra é a maneira com que a consciência dirige o equipamento. Isso explica como muitas pessoas saem de uma condição social extremamente difícil e conseguem chegar a posições exemplares dentro da sociedade, enquanto outras, que já nascem numa boa situação, desabam no decorrer da vida. Pesquisadores independentes em todo mundo começaram a desenvolver trabalhos isolados e, baseados em critérios mais sofisticados do que os usados pela ciência convencional, apresentaram resultados surpreendentes. O médico brasileiro Waldo Vieira, fundador do Centro de Altos Estudos da Consciência, localizado em foz do Iguaçu-PR, e organizador de uma biblioteca com mais de 60.000 volumes de temas relacionados ao assunto, provavelmente o maior pesquisador da consciência de todos os tempos, trouxe a público, em 1986, as ciências Projeciologia e Conscienciologia, a primeira estuda a projeção extrafísica da consciência, a outra, a consciência em si. Todo o seu trabalho, durante décadas, foi desenvolvido a partir de sua experiência pessoal. Nasceu com a faculdade da projeção da consciência pronta. Acontecia com ele naturalmente. Por isso, desde os nove anos, ele sabia desassociar, sem a menor dificuldade, o corpo da consciência. Com as técnicas de aproveitamento das ciências mais desenvolvidas, seus livros estão ajudando pessoas por todo o planeta, que também têm esta faculdade de nascença, a entenderem o que acontece quando a consciência “voa”. No livro "Aventuras além do corpo", o Físico Willian Buhlman mostra a trajetória de si mesmo, um cientista completamente cético em relação à possibilidade da vivência além da dimensão física, até a manifestação da sua própria consciência em outra dimensão - fora do corpo. Toda essa conversa é para que possamos ver o ego/consciência como algo intangível/acorporal e estudá-lo de um modo mais correto.
O que sabemos sobre o nosso eu?
Quem é você e o que está fazendo aqui? Se não sabe responder à esta pergunta básica é porque não tem as informações que precisa para respondê-las. Quem não sabe, ainda está aprendendo. Se está aprendendo é aluno. Se é aluno, está numa escola. E, como em todas elas, o tempo de permanência é limitado. Se dá melhor quem sabe aproveitar a oportunidade de aprendizado nessa imensa universidade que é a nossa vida. Mesmo porque, não se sabe quando teremos outro momento como esse, no qual estamos questionando, lucidamente, sobre o que somos e o que estamos fazendo.
Poderosas máquinas e a sua produtividade
Se tivéssemos que comprar um corpo humano na loja, com todas as funções em perfeito estado de funcionamento, uma tecnologia de altíssimo nível com visão, audição, imaginação, sentimentos, controle total sobre a movimentação do corpo, produção automática de sangue e anticorpos, livre arbítrio para transformá-lo no que quiser e levá-lo onde bem entender, um espaço de memória incalculável, sistema de busca em alta velocidade de informações no banco de dados do cérebro, sentidos de gosto, de cheiro, tato, mutante - aceita transformações físicas (emagrece, engorda, fortalece, enfraquece) e mentais (lerdo, rápido, burro, sabido) a depender do gosto do freguês e muitas outras coisas que já conhecemos, quanto custaria tal equipamento tão sofisticado? Pois já estamos com isso nas mãos e com total liberdade para ação. Que resultado real estamos obtendo operando tão preciosa máquina? Não seria um erro grosseiro usar tal equipamento só para comer e evacuar? Não é estranho um material desse nível tecnológico para fazer coisas tão fáceis?
O fato de não termos um manual de instruções para arrancar o melhor possível de nossos corpos nessa breve passagem, não significa que tenhamos que deixar essa “Ferrari” parada na garagem por toda a vida. Provavelmente, mais tarde, o custo dessa atitude para a auto-estima será alto e a agonia de querer realizar e não conseguir tem a ver com isso. Estar operando muito abaixo da real capacidade, mesmo que inconscientemente, deixa boa parte das pessoas com sérios problemas de auto-estima. Vale uma reflexão sobre o que gostaríamos de estar fazendo, o que estamos fazendo e em que nível poderíamos estar se tivéssemos aproveitado todos os instantes de nossas vidas para o autoconhecimento e a conseqüente evolução. E, quando falamos de evolução, não podemos misturar com a “evolução da espécie” (máquina) como a ciência cartesiana faz. Estamos falando da evolução da consciência, o nível da qualidade de seus pensamentos e atitudes. E mais, o simples jogar de um papel no chão é que começa a definir o nível de desenvolvimento de uma consciência - qualquer tipo de atitude, positiva ou negativa, conta para esse “ranking”.
Autodescobertas
Separar o que pensamos do que fazemos já é um curioso e assustador começo para entender o verdadeiro padrão de respostas do nosso ego em relação ao dia-a-dia. Esse princípio é capaz de nos mostrar como reagiríamos se tivéssemos como padrão, responder às situações de acordo com o que realmente estamos pensando. A afirmação “você é o que pensa e não o que faz” resume a técnica de iniciação ao autoconhecimento. Passar um dia examinando e comparando o que pensamos contra o que fazemos pode dar uma idéia da distância entre um e outro. O medo de expôr o próprio pensamento ocorre no momento em que nosso ponto de vista difere dos padrões sociais. Até mesmo no íntimo, fazemos esforços para mudar sentimentos e a própria natureza em prol do molde social no qual estamos acostumados a viver, sob um rígido auto-esquema de adaptação mesológica. Quando nos pegamos em situações extremas, onde necessitamos que nossa posição seja colocada de modo transparente e seja respeitada no contexto, o mais horripilante vilão mental aparece: o medo. “O que vão pensar de mim se eu me expuser assim?”. Quase sempre desistimos de nos colocar de acordo com a nossa própria verdade e deixamos que o espaço de nosso posicionamento seja ocupado por algo que seja - estratégia de defesa, socialmente aceitável.
O vácuo
Algumas colocações são ótimas para entendermos nosso íntimo: sexo - o que você pensa é o que você faz? Se a distância for muito grande, há um vácuo na mesma proporção entre o que você faz e o que você é. Um pensamento da antiguidade também ilustra muito: “se quiser conhecer realmente uma pessoa, dê poder à ela”. Seria importante, nesse momento, pensar em como seria possível desenvolver uma pessoa, consciência, nós mesmos, se partimos de princípios que não correspondem à nossa própria realidade. Fica difícil evoluir a partir de uma fantasia ilustrada, mas socialmente aceitável. Toda vez que sentimos evolução em nós mesmos, quase sempre ela está ligada a um ponto de partida real, onde uma barreira limitadora foi quebrada por uma atitude corajosa.
Veja se já viu esse filme
Por não gostar muito do que era, Maria injetou em si uma personalidade referencial que gostaria de ter. Vendeu essa imagem para João que, por não achar muita graça no que via no espelho, fez a mesma coisa. Então eles acabaram se gostando, inocentemente, a partir de personalidades que não existiam. Criaram assim, uma relação de fantasia (ilusória), entre duas pessoas que não tiveram coragem de assumir a verdadeira identidade nem para si mesmas. Com o tempo, a verdadeira face dos parceiros apareceu provocando decepções. Aturaram-se por mais alguns anos e tomaram a decisão de separar. João e Maria passaram juntos, aproximadamente, 5 anos e os 2 filhos dessa relação são bem reais. E agora? Contudo, diante da insatisfação, a coragem de mudar é de maior louvor do que se manter na escuridão de uma relação teatral, infeliz e improdutiva sob o ponto de vista evolutivo. E, dentro desse quadro, é importante pontuar que, enquanto nos EUA 50% dos casamentos acabam em divórcio, em Brasília, nos últimos 10 anos, o índice supera os 90%. O motivo é simples, na Capital as mulheres têm excelentes empregos e ganham muito bem, podendo bancar a decisão de sair fora de uma relação que não corresponde mais às expectativas.
Ser ou não ser?
Por mais “envergonhados” que sejamos com o nosso “eu” mais íntimo, o ideal parece ser nos apresentarmos como somos. As avaliações serão muito mais realistas e precisas, fazendo com que os parceiros em potencial encontrem afinidades exatamente onde elas existem. As chances de se formar um casal muito produtivo são enormes quando temos a liberdade de nos revelar por completo ao nosso parceiro. Isso só acontece quando somos absolutamente verdadeiros, primeiramente para nós mesmos e, consequentemente, para o amante. Também existe a possibilidade de, por uma aguçada imaturidade, vivermos uma fantasia infeliz para o resto da vida, ao lado de uma pessoa que vendeu bem uma imagem hollywoodiana, mas que hoje estrela os mais sofisticados filmes de terror. Por fatores mesológicos, mesmo identificando a verdadeira personalidade do parceiro, muitos preferem se manter numa relação patológica para defender crenças ou padrões sociais que nos acompanham desde pequenos. O problema é que, se não tomarmos cuidado, somos capazes de passar a vida toda vivendo algo que não é real. O medo de largar um suposto “porto seguro” pautado pela sociedade é o motivo que mais mantém relações infelizes.
Conclusão
Saber estudar, reconhecer e aceitar a realidade mais íntima, exibida no pensamento e não na ação, já é um grande começo para eliminar a Egofobia - o medo do autoconhecimento. A tarefa não deixa de ser difícil, pois é aí que mora o que somos, quando tomados pela impulsão, raiva e desejos, além de todo um complexo histórico consciencial.
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eu sou um inútil.
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